abril 16, 2025

perdoe por meu amor
não dar frutos, por não
florescer meus ramos
em delicadas carícias
por não respirar o sol
em minhas folhas de
existência e vida
não pense que não
conheci as primaveras
que algum dia não
exalei beleza e perfume
que não tive cores
me tornei profunda
envolta em mim
sob o peso estéril agora
permaneço semente,
somente e agradeço

Cáh Morandi 

coisa de sorte grande
tu ali bem vestido
nessa pele de sol
tão brilhante
e nao importa
quão distante
eu tivesse
ainda te veria
sim, eu viria,
mas isso nem
você ou eu
diria
Cáh Morandi
deveria não ter
contado as moedas
para apostar no
último lance, e de
última hora não
ia - pensei - ter
choro, imagina
então ter sorte e
fiquei na es-quina
da esmola, vivendo
às sobras do desejo,
à espreita, sujeita
a pagar a dívida
por não correr
o risco

Cáh Morandi

abril 03, 2025

nunca fui 

tão feliz


deveria ser assim

toda vez ao falar de

uma história de amor, mas


eu nunca fui

tão feliz


também falam de uma história, talvez não de amor


Cáh Morandi 

perguntei a deus o que fazer

enquanto espero


vive


ele não disse,

mas sendo o que 

entendo sobre 

respostas, vivo


Cáh Morandi

 

nossos olhares têm sido

uma dança, com certo

desencontro entre o ritmo

e nossos passos


teu olhar me paralisa

meu olhar te desconcentra

mas ninguém cede, tenta

e não sei o que fazer 

porque só de vista

amor não existe


eu preciso que você

chegue mais perto, eu

preciso te enxergar

de dentro

Cáh Morandi 

tem sido uma sombra não saber. não sei como você está. não sei onde você está. não sei com quem você está. não sei se você ainda me vê. não sei se decidiu seguir teus sonhos como fiz. não sei se você parou de fazer as coisas só para ocupar o tempo, com a necessidade de sempre não deixar espaços vazios no dia. não sei se você ainda estaria aqui ao lado, lendo o jornal na cama, enquanto leio o “livro da vez”, compartilhando nossa conversa íntima e silenciosa de todas as noites. não sei se estaria tudo igual ou tudo diferente. não sei se iríamos no abraçar comprimindo a saudade na força do encontro de nossos peitos. não sei se tudo está errado. e, se tiver, já não sei o que fazer. não sei o que teria sido melhor. viver também é bonito deste outro lado, ainda que sem a tua companhia — um bonito de outro jeito, sabe? não sei se isto é verdade. não sei se você está me lendo neste texto, me ouvindo em uma canção que fale por mim, em uma nota do jornal, num anúncio colado no poste enquanto o sinal não abre, mas se estiver, me diga: você conseguiu ter algum tipo de certeza? eu não. e não sei em quanto tempo vou arrepender de continuar cavocando amor no terreno já machucado do meu coração, com medo que eu descubra que não tenha amado ninguém. não sei se amei você, mas sei que todos os dias ainda sinto vontade de te amar. me desculpe se ainda estou aqui. não sei se vou conseguir desaparecer.

Cáh Morandi